quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Medição do desenvolvimento pela dimensão econômica não é mais suficiente


Medição do desenvolvimento pela dimensão econômica não é mais suficiente

Conforme divulgado pelo site do G1 em 17 de junho último, existem dois tipos de países no mundo, segundo Ashok Khosla, um dos responsáveis pelo Painel Internacional de Recursos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA): de um lado os Estados Unidos e todos os que querem copiá-los; do outro o Butão, um país escondido nas montanhas do Himalaia, entre a Índia e a China, com cerca de 700 mil habitantes.

O especialista indiano, um dos mais respeitados do mundo sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, esteve no Brasil em junho para o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio), às vésperas da Rio+20.

“O Butão decidiu que fazer dinheiro não é a única coisa na vida”, definiu Khosla. O país tem políticas nacionais para aumentar a felicidade da população e desenvolveu uma forma de medir essa felicidade. O tempo disponível para brincadeiras ou para a meditação – o país tem maioria budista – está entre os fatores levados em consideração.

O resultado é um indicador conhecido como Felicidade Nacional Bruta. O nome é uma comparação com o Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos por um país, conceito que geralmente é usado para avaliar a economia de cada nação.
“O PIB é o indicador mais estúpido. A Felicidade Nacional Bruta é dez vezes mais sensata”, comparou Khosla.

O pesquisador usou o exemplo do Butão para falar sobre a situação dos países em desenvolvimento em geral. “O Brasil e a Índia também podem fazer isso se disserem: “nossas vidas não estão à disposição”. Temos uma cultura de séculos – ou milênios, no caso da Índia – e não queremos destruir nossa própria cultura. Basicamente, fomos completamente seduzidos pelo modo de vida americano”, lamentou.

Khosla considera que “Os Estados Unidos são um exemplo do que não fazer, porque isso é totalmente insustentável”. Segundo o pesquisador, “É só depois que você já tem dinheiro que dá mais valor à qualidade de vida do que a um carro novo”, afirmou o pesquisador, comparando a situação econômica dos países à vida pessoal, demonstrando ser possível queimar etapas nesse processo.

Para o indiano, a economia verde só poderá prevalecer se a sociedade se mobilizar o suficiente para pressionar os políticos. “As pessoas da economia ‘marrom’ são muito poderosas. São eles que financiam governos, que conseguem votos, que gerenciam os partidos políticos, então não é fácil ignorá-los”, apontou.

Uma boa notícia: ONU cria novo índice para medir o desenvolvimento
Um novo indicador lançado em junho último pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) coloca o Brasil como a nação com o quinto maior crescimento sustentável anual per capita do mundo, à frente de potências como: Estados Unidos e Canadá.

O indicador aplica informações referentes ao capital humano, natural e manufaturado de 20 países para mostrar um panorama mais amplo que o PIB (Produto Interno Bruto), que tem apenas um viés econômico. Os primeiros lugares no novo índice ficaram, na ordem, com China, Alemanha, França e Chile.

Chamado de Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), o objetivo do indicador é incentivar a sustentabilidade dos governos e complementar o cálculo do PIB -- ou mesmo substituir os atuais medidores da economia.

Desenvolvido por especialistas da Universidade das Nações Unidas, a ferramenta reúne informações referentes à educação e expectativa de vida, os recursos florestais, além da produção industrial. Na prática, um país com IRI alto representa que ele é mais sustentável.

No relatório, que analisou o período entre 1990 e 2008, a China aparece como o país mais sustentável do mundo, com um índice de 2,1. A Alemanha vem em seguida, com 1,8 e o Brasil obteve o IRI de 0,9 no período, o quinto no ranking da ONU, se igualando a Japão e Reino Unido.

Nos 19 anos medidos, o PIB brasileiro cresceu 34%, o capital humano aumentou 48% e o capital manufaturado, 8%. Já o capital natural seguiu na contramão, caindo 25%. A justificativa do relatório é que a queda foi causada pelo avanço no desmatamento das florestas e ao aumento das atividades agropecuárias.

No período analisado, por exemplo, a Amazônia perdeu 331.290 km² de cobertura vegetal devido ao desmatamento ilegal – uma área equivalente a mais de sete vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro.

De acordo com Pablo Munhoz, diretor cientifico do relatório, a proposta é uma recomendação do programa ambiental da ONU aos países que participaram da Rio+20 e está relacionada “ao bem-estar (...) e nos dá ideia em relação ao crescimento a longo prazo”, disse.

“É importante medir os ativos, mas também é importante ver sua modificação ao longo do tempo”, explica.

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